Hinc illa lacrimae: O caminho velado

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

O caminho velado

Que estradas escondidas no imenso céu percorrem estes pássaros?
Com que alegria sabem eles o seu caminho?
Estará o trilho escondido por entre as suas asas
Ou conseguirão eles ler nas estrelas?
Eu que não sei ler nas asas nem na vastidão estelar
Pergunto ao coração se ele esconde no seu bater sincopado
O mapa do caminho velado.

Foto: Getty Images

1 comentário:

Nilson Barcelli disse...: Belíssimas palavras, muito poéticas.
Gostei muito do teu poema.
Boa semana, querida amiga Bela.
Beijo.; 4 de novembro de 2014 às 17:20

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Quem, eu?

Há um anjo e um demónio em mim. Um anjo que vibra com as tentações e estremece tentado pelo pecado; um anjo cujos olhos brilham na provocação e cuja alma, vampiresca, se excita pelo vislumbre do risco, do perigo.
Mas há também o demónio que se arrepende no último instante, que olha para trás, como Orfeu, e regressa ao seu inferno, pára e petrifica. Um demónio que se ufana com a chave do seu cinto de castidade.
Mas se o anjo treme de frio, vem o demónio aquecê-lo; e se o demónio está a arder, vem o anjo com suas mãos de neve arrefecê-lo.
Olham-se frente a frente, como inimigos mortais e tocam-se como amantes inseparáveis. Eterna é a guerra entre ambos, almas gémeas guerreiras de estranhas batalhas. E às vezes, misterioso paradoxo, o que vence, fica triste, e se compraz na derrota o derrotado.

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